AS BONECAS DE AMÉLIA


Quando criança, lá pela 3ª série tinha uma colega de classe que se chamava Amélia. E essa menina embora fosse da mesma série que eu era muito alta, e era também a mais madura de todas. Amélia tinha um dom muito especial, desenhava lindas bonecas em folha de papel sulfite, recortava, fazia umas roupas para vestir essas bonecas e depois vendia para as meninas da nossa classe. Lembro que muitas vezes ficavamos sem merendar só para comprar as roupas e as bonecas de Amélia.

O tempo passou cada uma seguiu o seu caminho, não lembro exatamente quando me separei fisicamente daquela artista tão precoce de traços bem definidos, e tão a frente do nosso tempo, só sei que hoje quando assisto algum desfile pela televisão, me vem a doce lembrança daquelas bonecas. Quando vejo aquelas meninas lindas, com passos firmes, cheias de charme e elegância parece que aquelas bonecas que embalavam muitos dos meus sonhos de criança criaram vida, e me deslumbro com esse rápido passeio pelas passarelas que mostram as criações dos estilistas como que materializando os desenhos de Amélia.

Ao se pensar em moda, pensamos em estilo, em sofisticação, pensamos na influências que uma epóca traduz em uma coleção de detereminada estação, pensamos também nos maquiadores, cabeleleiros, costureiras, figurinistas, produtores de moda, enfim em toda cadeia produtiva e em todo capital que essa crescente indústria movimenta.

Eu, sempre pensarei em uma colega do primário que de forma inocente, pura e sem nenhuma intenção foi a primeira pessoa que promoveu meu encontro com o mundo da beleza e da estética.

Não sei onde está Amélia, nem sei se ainda reside nessa cidade ou mesmo nessa esfera, o que sei é que nunca esquecerei do seu talento e de suas lindas bonecas de papel sulfite.

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